EMOTICON / EMOJI
Olá, caros leitores!
Nesta quarta postagem, abordaremos sobre a utilização dos emoticons e emojis, conhecendo suas histórias e como eles contribuem para a construção de sentido nas interações digitais. Esses símbolos gráficos, amplamente utilizados em redes sociais, aplicativos de mensagens e até em ambientes acadêmicos informais, cumprem a função de transmitir emoções, intenções e tons que, muitas vezes, se perdem na comunicação escrita. Assim, os emoticons tornam-se recursos importantes para enriquecer o discurso, facilitar a compreensão e aproximar os interlocutores, humanizando a linguagem digital.
EMOTICON / EMOJI
Você já refletiu sobre a diferença entre emoticons e emojis? Embora muitas vezes utilizados como sinônimos, esses dois elementos apresentam características distintas na comunicação digital. Os emoticons são formados por sinais gráficos do próprio teclado, como :-) ou :'(, e surgiram como uma maneira simples de representar expressões faciais por meio de caracteres. Já os emojis são imagens gráficas, coloridas e padronizadas, que simbolizam emoções 😓, objetos 💍, lugares 🏠, ações 🏃, entre outros elementos, amplamente presentes em redes sociais como WhatsApp, Instagram, Twitter (X) e TikTok.
Ambos cumprem uma função importante na linguagem digital, contribuindo para a expressividade e a clareza das mensagens. Eles auxiliam na construção de sentidos, especialmente em contextos onde o tom da fala e a linguagem corporal estão ausentes. É interessante observar como essas ferramentas vêm sendo incorporadas ao cotidiano comunicativo, inclusive em contextos mais formais, com o objetivo de aproximar interlocutores e tornar a interação mais dinâmica.
HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO
Embora os emojis tenham ganhado reconhecimento público em 2015 pelo Oxford Dictionaries, suas origens são mais antigas, remontando a mais de 30 anos. A necessidade de expressar emoções e tom em textos escritos impulsionou o surgimento de práticas como os emoticons. Usuários sempre adaptaram os recursos disponíveis para se comunicarem de forma eficaz. Embora haja relatos antigos de usos semelhantes aos emoticons, inclusive atribuídos a figuras históricas como Abraham Lincoln, a criação oficial é geralmente atribuída ao cientista da computação Scott Fahlman, que em 1982 sugeriu o uso de símbolos para indicar piadas, após uma confusão interpretativa em um quadro de avisos.
Exemplos de Emoticons:
Os emoticons surgiram como uma forma de adaptar a comunicação escrita aos contextos digitais, utilizando caracteres como letras, números e sinais de pontuação para representar expressões faciais. Inicialmente, os usuários desenvolveram esses símbolos de maneira espontânea, atendendo à necessidade de transmitir emoções e tom de voz em mensagens digitais. Com o tempo, os emoticons foram substituídos por emojis, que são pictogramas gráficos mais complexos e podem ser inseridos em mensagens e documentos diretamente através de teclados de emojis disponíveis nos dispositivos.
Os emojis oferecem uma variedade maior de expressões faciais, gestos, animais, objetos, bandeiras e símbolos, sendo amplamente usados nas redes sociais. Estudos indicam que os emojis têm uma recepção mais positiva entre os usuários do que os emoticons, com muitos preferindo sua utilização devido à sua aparência visual mais detalhada e expressiva. Isso levou à redução no uso de emoticons, já que os emojis desempenham a mesma função paralinguística de transmitir emoções e contexto, mas de maneira mais eficiente. Além disso, uma nova tendência nas plataformas de mídia social são os adesivos, que são representações gráficas mais elaboradas, como ilustrações ou animações de personagens, muitas vezes com palavras ou frases anexadas. A pesquisa indica que há uma sobreposição funcional entre emojis e adesivos, com estes últimos possivelmente substituindo os emojis no futuro, seguindo uma evolução semelhante. Estudos sobre os adesivos, embora ainda emergentes, prometem revelar novas formas de comunicação digital, ampliando as possibilidades de expressão nos meios digitais.
Exemplos de Emojis:
Os emoticons e emojis são usados para representar expressões faciais e comportamentos naturais, como sorrir, franzir a testa, suar ou tremer. Embora esses símbolos sejam interpretados de forma intencional no contexto digital, sua função na comunicação não verbal online é diferente das expressões faciais naturais observadas na comunicação face a face. Em ambientes digitais, os usuários escolhem conscientemente quais emojis ou emoticons utilizar, com o objetivo de transmitir um significado específico, embora o comportamento natural seja mais espontâneo e involuntário.
Os emojis que representam comportamentos naturais, como suar ou vomitar, não possuem o mesmo caráter comunicativo direto que uma expressão facial genuína. No entanto, eles podem ser usados de forma intencional, com o usuário exagerando ou estilizando a representação para comunicar uma mensagem. A principal diferença é que, enquanto expressões faciais no mundo físico podem ser involuntárias, as imagens digitais, como emojis, sempre envolvem uma escolha consciente de comunicação, o que exige que o receptor interprete a intenção por trás do uso do símbolo.
Além dos emoticons e emojis, os adesivos, mais elaborados e caracterizados por representações de linguagem corporal e expressões faciais, têm se tornado cada vez mais populares. Em vez de ver emojis e outros recursos digitais como substitutos diretos de sinais não verbais offline, é importante analisar como os usuários os utilizam para comunicar intenções e significados de maneira mais estilizada e controlada, sem pressupor que eles refletem necessariamente o estado emocional genuíno do comunicador.
As expressões que os participantes seguram são exemplos claros de emojis. Elas seguem o estilo gráfico usado nos aplicativos de mensagens — rostos redondos, coloridos, expressivos e facilmente reconhecíveis. Embora os emojis tenham como objetivo representar emoções humanas, nem todos refletem fielmente as expressões faciais que uma pessoa apresentaria em uma interação face a face.
Contraponto: Limitação expressiva dos emojis
Expressividade limitada e padronizada:
Emojis são criações gráficas padronizadas — ou seja, a representação de uma emoção é fixa, desenhada por designers e não adaptável ao contexto. Já nas interações humanas, expressões são dinâmicas, sutis e cheias de nuances (como um sorriso tímido, um olhar de reprovação, ou uma expressão ambígua).
Falta de contexto emocional real:
Um emoji de raiva ou o emoji gráfico de rosto vermelho bravo não capta a intensidade real, o tom de voz, os gestos corporais ou a intenção que acompanha uma fala raivosa numa conversa ao vivo.
Polivalência e interpretação subjetiva:
Muitos emojis podem ser usados com múltiplos sentidos, irônicos ou ambíguos. Por exemplo, o emoji com carinha sorrindo pode ser usado tanto para demonstrar felicidade quanto sarcasmo. Isso pode gerar ruídos na comunicação, o que seria menos comum em uma interação presencial.
Fatores culturais e pessoais:
Emojis são interpretados de maneira diferente em cada cultura ou geração. O que para uma pessoa pode representar simpatia, para outra pode parecer debochado. Na comunicação face a face, pistas contextuais costumam reduzir essa margem de erro.
FUNÇÕES DOS EMOTICONS E EMOJIS
Os emoticons e emojis desempenham papel fundamental na expressão de atitudes, emoções e tom em mensagens digitais, podendo alterar significativamente sua interpretação dependendo do contexto comunicativo. Como observam Arendholz (2013) e Danesi (2017), esses recursos são amplamente associados à comunicação de sentimentos e à polidez, funcionando como marcadores emocionais que intensificam o conteúdo afetivo das mensagens. Estudos como os de Poh! et al. (2017) demonstram que a simples adição de um emoticon pode transformar a percepção do leitor sobre a intenção do emissor. Skovholt et al. (2014) destacam que, em ambientes profissionais, emoticons são usados para sinalizar atitudes positivas e aspectos da identidade do remetente. Derks et al. (2008) também apontam que esses recursos intensificam a valência emocional, sem, contudo, modificar completamente o sentido da mensagem – uma conclusão compartilhada por Riordan (2017a), que afirma que os emoticons alteram a intensidade do afeto, mas não a direção da emoção.
Além disso, emojis e emoticons são utilizados para manter e fortalecer relações interpessoais, funcionando como estratégias de polidez e colaboração. Yus (2014), em seu estudo com usuários do WhatsApp, identificou que os emoticons auxiliam na execução de atos de fala com foco na manutenção das relações. Rudolf von Rohr e Locher (2020) observaram que os emojis em fóruns de saúde online ajudam a evidenciar uma postura positiva e respeitosa do interlocutor. Já Arendholz (2013) ressalta que os emoticons têm uma forma única de estabelecer contato interpessoal online, além de servirem para suavizar atos de fala mais diretos. Esses achados sugerem que o uso consciente desses elementos visuais vai além da simples ornamentação textual, atuando como ferramentas pragmáticas e sociais na comunicação digital.
Conclui-se que os emoticons e emojis desempenham um papel significativo na comunicação mediada digitalmente, ao suprirem, de maneira eficaz, a ausência de recursos não verbais presentes na interação face a face. Esses elementos visuais favorecem a expressão de emoções, atitudes e intenções comunicativas, contribuindo para a clareza da mensagem e para o fortalecimento das relações interpessoais. Além disso, seu uso recorrente evidencia uma adaptação linguística às demandas da comunicação online, configurando-se como ferramentas essenciais para a construção de interações mais empáticas, polidas e contextualizadas no ambiente digital contemporâneo.
REFERÊNCIAS
Arendholz, J. (2013). InAppropriate Online Behavior: A Pragmatic Analysis of Message Board Relations. Amsterdã: John Benjamins.
Danesi, M. (2017). The Semiotics of Emoji: The Rise of Visual Language in the Age of the Infernet (A ascensão da linguagem visual na era da Infemet) Londres: Bloomsbury.
Derks, D, Bos, A E., & von Grumbkow, J. (2008). Emoticons and online message interpretation (Emoticons e interpretação de mensagens on-line).
Pohl, H., Domin, C., & Rohs, M. (2017). Além de apenas texto: Semantic emoji similarity modeling to support expressive communication I( O O O O O . ACM Transactions on Qkluman Interaction, 24(1). d0i:10.1145/3039685.
Riordan, M. A. (2017a). Emojis como ferramentas para o trabalho emocional: Comunicando o afeto em mensagens de texto.
Rudoff Von Rohr, M-T., & Locher, M. A. (2020). The interpersonal effecis of complimenting others Os efeitos interpessoais do elogio aos outros do and self-praise in online health settings (e autoelogio em ambientes de saúde on-ine). Em M. E. Placencia, & Z. R. Eslami (Eds), Complimenting Behavior and (Self) Praise across Social Media: New Contexts and New Insights (pp. 189-212). Amsterda: John Benjamins.
SCOTT, Kate. Pragmatics Online. [S. l.]: Taylor & Francis Group, 2022. 192 p. ISBN 9781003254201.
Skovhot, K, Grenning, A, & Kankaanranta, A (2014). The communicafive functions of emoticons in workplace e-mails :-). Joumal of Computer-Mediated Communication, (@), 780-797. doi:10.1111/jcc4. 12063.
Yus, F. (2014). Nem todos os emoticons são criados iguais. Linguagem em (Dis)curso, 14(3), 511529, 0i:10.1500/1982-4017-140304-04.
Ótimo texto, Crístian👏🏼👏🏼👏🏼
ResponderExcluiragradecido, amiga!
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